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Hoje perdi a alma pesa mais o corpo

por romasi, em 27.10.05

Queridos doentes de Parkinson – meus companheiros de jornada


 


Quando posso, e não posso, viajo até este lugar por mim criado e pensado a pensar em nós.


Que dizer quando nem uma só palavra me dizem, um gesto ou tão só um simples sinal.


Hoje estou derrapando, derrubado, derrotado e recolhido num silêncio profundo:


Rebolo-me na cama toda a noite, não tenho forma de estar. Não consigo dormir e tenho dificuldade em me levantar (o Pacinone 40 e o Sinemet não actuam), VÊM os espasmos, Estou engolindo as palavras, prende-se mais a perna esquerda, pareço um ébrio a cambalear. Como com uma mão com tanto esforço.


Nem sei, porque estou para aqui a lamentar-me:


A culpa é minha que nunca falto ao trabalho.


A culpa é minha por ter nascido em Portugal.


A Culpa é minha porque não tenho a coragem de dizer basta aos “doentes dos sentimentos podres”, aos torcedores do clube bate-palmas que me querem ver derrubado.


Pesa-me demais o corpo, avançam as sombras, e numa amargura cipreste quase não consigo escrever.


SE soubésseis como estas palavras tristes já não me servem de catarse. Fogem-me as palavras da esperança. Começo a estar farto de carregar, com o peso desta inércia. Quero ajudar e não posso. Não quero pesar e não posso e a família sofre!


- Perdi a alma.


Não é que a sentisse fugir, Nada fiz para a afastar, nem tão pouco ela se foi em busca da poesia.


São 11 da noite pouco mais e ainda não a recuperei.


SE a virem por aí digam-lhe para regressar.


AH! Não se esqueçam - indiquem-lhe o caminho.


O seu nome é céu azul e tem o brilho de uma estrela cadente.


Digam-lhe que estou pior - mais doente-  mas se regressar estarei melhor


Saudades


Rogério Simões


27-10-2005 23:06


 

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publicado às 23:08


QUISERA ANDAR DE CARROSSEL

por romasi, em 23.10.05

QUISERA ANDAR DE CARROSSEL

Rogério Martins Simões

 

Quisera andar de carrossel

Com um sorriso de criança que ri

Rosto rebuçado, melaços de mel

Laivos da festa que resta em ti

 

Nos dedos prendo o balão

Com os outros seguro o corcel

Soco a bola com a mão

As mãos, o rosto e a testa

Besunto-me todo com mel.

 

Solta-se dos dedos o balão

Que voa a caminho do céu

-Mãe! Vai-me apanhar

Um sorriso igual ao seu!

 

-Meu filho a mãe não sabe!

Ler, nunca aprendeu:

A mãe vai procurar

O balão que se perdeu!

 

-Mãe que sabe escutar,

Meus choros com seu coração

Abençoada o seja minha mãe

Por tudo o que foi e me deu!

 

Rodopiam as lembranças da festa

Pára o movimento ondulante

Sujo-me de novo a cada instante

Sem rebuçados com sabor a mel

Mas!... Brinquei tanto no carrossel...

 

2005-10-20

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publicado às 22:44


PALAVRAS

por romasi, em 14.10.05

Obrigado a todos!

Obrigado a todos os que lêem os meus poemas.

Sou um humilde poeta. GOSTO MUITO DE POESIA: Pena é que me sinta bastante mal e se assim continuar por certo vou desistir do blog.

A minha Parkinson, ou melhor, esta doença está hoje a prender-me, ainda mais, o braço e perna esquerda. Hoje estou de facto bastante mal. Raramente sujo a roupa que visto - hoje não! Fiquei triste por ter derramado um pedaço de comida na camisa e, o mais grave, só ter dado por isso quando a minha doce companheira chamou a minha atenção para o facto, apesar de me lembrar que tive muita dificuldade em segurar no garfo.

Estou realmente muito triste não pensava pesar com esta idade. Afinal tenho 56 anos e a Parkinson não dá para me aposentar da Função Pública. Depois existem alguns colegas de trabalho com má formação moral e intelectual que, sabendo do meu mal, aproveitam para minar o meu caminho.

Que importa que reconheçam que eu sou um bom técnico se, depois, carregam e exigem de quem trabalha o trabalho que certos incompetentes e frustrados não realizam.

Amanhã será outro dia e por certo estarei melhor. Melhor certamente vou estar... irei descansar 15 dias de férias divididas entre o Monte da Pedra, perto do Crato, e os restantes no meu Meco.

Já me esquecia que estava a responder a um comentário. Ainda ontem recuperei alguns poemas antigos duma fase que se escrevia por meias palavras. Ainda bem que os mais jovens não conheceram a falta de liberdade para falar, escrever ou votar. Coloquei aqui alguns desses poemas mas como não comentaram retirei-os e coloquei-os mais abaixo. Intitulam-se: CANÇÃO DOS ABANDONADOS e a uma compilação de 1971 a que chamei de Viagem, Queda, Viragem e Levitação.

Às vezes penso que estou a mais na blogosfera e que a poesia não interessa. A cultura está nas novelas que, como um novelo, nunca mais acabam. Os bons programas de televisão são atirados borda fora para horários de descanso. Estou cansado! Até insultos me estendem como se isto, dos blogs, fosse um campo de batalha. Por isso, às vezes RETIRO OS COMENTÁRIOS. Pergunto: quem gosta de receber insultos tão grosseiros. Reconheço que muitos não gostem do que escrevo e democraticamente aceito isso. Porém não gosto que escrevam de forma grosseira e ordinária. Penso até, quem assim escreve, se deve ter enganado no blog. Nunca disse que era um grande poeta. Poeta maior era Pessoa mas esse passou por um imenso desassossego. Vou terminar porque estou fatigado. Tenho neste blog, a que chamo livro de poesia, mais de 100 poemas que gosto bastante e dariam para 2 livros de poesia. Nunca foi minha preocupação publicar o quer que fosse e nem sequer seria difícil conseguir uma edição de autor, tantos são os apoios de amigos, mas isso não está nas minhas preocupações. Aparte de tudo isto, reconheço que foi a existência do blog que me impediu que rasgasse e até cuidasse um pouco mais a minha poesia, muito embora, não tanto como deveria. A poesia que me resta está na razão directa da existência do blog e de tantos amigos que me visitam e me escrevem identificando-se com ela.

Agradeço aos meus amigos de Almada que acreditaram na minha poesia. Agradeço aos poetas brasileiros, aos amigos do Brasil e do meu país que gostam da minha poesia e me dão alento. Agradeço aos emigrantes que até a reproduzem nos seus jornais. AGRADEÇO À MINHA COMPANHEIRA QUE ME INCENTIVOU A PUBLICAR; OU MELHOR, A DAR A CONHECER OS POEMAS QUE LHE DEDIQUEI E OS OUTROS que não lhe foram dedicados e que mesmo assim INCENTIVOU E PROTEGEU PARA QUE OS DIVULGASSE E NÃO DESTRUÍSSE. Obrigado a todos e quanto ao resto, sem lamechas, a esperança ainda não morreu.

Deus é grande

Rogério Simões

 Lisboa 2/9/2005

 

  

NOTA FINAL
Quando iniciei este blog sobre a minha doença, que já cola o dedo da mão esquerda ao teclado e não pegava, esperava a colaboração de todos.

Até ao momento não recebi qualquer texto de Portugal para divulgar. Pelo contrário, fui proibido de o fazer, ou melhor, de transcrever citando fonte.

O tempo é pouco. Certamente muito para quem sofre.

Não irão encontrar em mim aquele tipo de homem que se humilha na pedincha

MAS NÃO DESISTO!

Resta-nos recorrer à boa-gente do Brasil que nos franqueie as portas e tudo dá!

Obrigado DALVA, MARCÍLIO E HUGO

Fiquem todos felizes

Rogério Simões

15/10/2005

 

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publicado às 23:59



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