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Para todos nós! Para todos vós!

por romasi, em 11.01.05

Para todos nós! Para todos vós!

 

Gloria Stefan canta uma música: Abriendo Puertas

Y VAMOS ABRIENDO PUERTAS

Y VAMOS CERRANDO HERIDAS

PORQUE EL ANO QUE LLEGA

VAMOS A VIVIR LA VIDA

(Obrigado Dalva)

 

Há na vida momentos para tudo.

Ao longo da nossa vida tivemos momentos tábua rasa - abrimos os olhos e começámos lentamente a descortinar umas formas, talvez o peito do nosso crescimento e juntamente com um sorriso  o canto da nossa mãe.

Depois fomos olhando e reparando sem ver os que estavam perto: algumas sombras mal definidas a família  e, enquanto estávamos no berço, contemplávamos o que nos rodeava  as nossas mãos, os nossos pés, os cobertores, o compartimento do berço, as paredes, o tecto do quarto...e despertámos daquela aparente letargia nas vozes doces que, pouco a pouco, aprendemos a descortinar.

Foi aí que reparámos que se repetiam, muitas vezes, uns quantos vocábulos quando se aproximavam de nós. E, de tanto escutar palavras ditas com ternura, começámos a responder instintivamente ao chamamento.

Rogério é meu nome!

Tal como aprendi o meu nome, sem ter a consciência de que o estava a interiorizar, aprendi muita coisa nesses tempos em que os meninos tinham todo o tempo do mundo...

Nessa época os meus pais mesmo sem vagar, porque as suas vidas por vezes eram duras, tinham todo o tempo para mim. E os avós, quem os tinha, ensinavam aos meninos os contos mágicos, inscritos no livro do pensamento, que lhes tinham sido transmitidos oralmente pelos seus antepassados.

Há sempre tempo para tudo, digo eu, e na luz irradiante da família aprendi a amar e a ser amado; aprendi a respeitar e a ser respeitado; aprendi a ser feliz e a fazer os outros felizes; aprendi a acatar e a escutar os mais velhos; aprendi a dar valor às pequenas coisas, e, como os meus pais davam tudo o que podiam aos seus parentes, aprendi a ser solidário.

Depois, ainda havia a minha madrinha.

Eu tive madrinha! Era a irmã mais velha de meu pai, a Nazaré. Trabalhava nos Hospitais Civis de Lisboa, no Hospital de Arroios, e com ela descobri que haviam seres humanos doentes a sofrerem.

Como era menino, corria pelos claustros do hospital e brincava com os meninos doentes às escondidas.

Foi aí que constatei que a minha madrinha era uma santa, consagrando toda a sua vida aos doentes.

Eu tive a felicidade de ter madrinha, e como madrinha substitui os pais, levava-me a visitar os acamados a quem emprestava o único rádio que tinha para lhes aliviar a dor. Era assim, dava-me rebuçados (ficava todo lambuzado), aturava-me enquanto meus pais iam trabalhar e ensinava-me que até a dor pode ser aliviada escutando um belo fado da Amália...

 

(Parte ll)

R mais o é RO; g mais é GÉ; r mais i é RI mais o com o faz ROGÉRIO, assim me ensinava a escrever o meu nome a Dona Susana, minha professora da Escola Republicana de Fernão Botto Machado.

Gosto do meu nome embora seja invulgar. Aprendi que dava jeito, pois, quando era chamado a exame, éramos ordenados por ordem alfabética e tinha mais algum tempo para estudar. Mas, também tinha os seus inconvenientes: estava sempre no fim da lista e nalgumas situações, de tanto esperar, desesperava e aproveitava para roer as unhas...

Há sempre tempo para tudo digo eu.

Existiu um tempo para ser desejado sem dar por isso; um tempo para ser amado sem dar por isso e, quando dei por tudo isso, reparei que tive e ainda tenho, felizmente, todo o amor e carinho dos meus pais que me receberam sempre com a mesma alegria com que o pai rico recebeu o filho pródigo (da parábola contada por um Homem muito Grande a quem chamaram de Jesus).

Vou parar por aqui esta minha meditação. A minha ascendência é significativamente a razão da minha conduta, da minha decência, da minha consciência.

Tive e todos nós tivemos tempo para tudo.

Errei, levantei-me. Escutei sempre o coração, empenhei sempre a alma controlada pela minha consciência. Voltei a errar e voltei a erguer-me aprendendo sempre com os meus erros.

Reconheço os disparates que fiz e que todos fazemos ao longo das nossas curtas vidas.

Mas a minha glória está em reconhecer os meus defeitos, combater os meus erros, sublimando as minhas atitudes de comportamento, que não se reviam ou revêem na herança do meu sangue ou e na educação que recebi dos meus pais.

Em conclusão, ninguém irá impedir de tudo fazer para conhecer melhor o meu mal de Parkinson, com dignidade e sem lamechas.

Ninguém me vai impedir de incentivar e de juntar a esta causa, como noutras, como é o caso da Epilepsia em homenagem ao duro combate que o meu filho travou ao longo dos anos  o chamado grande mal”.

Sou um humilde poeta! Nunca serei um homem pequeno...

Criei dois blogs sobre Parkinson com a minha mais pura e recta intenção ajudar, ajudando-me, através da busca incessante das novidades sobre as descobertas científicas que dia-a-dia avança.

Consegui colocar em contacto um grande cientista português com uma ilustre médica francesa, com pouco mais de 40 anos e já portadora desta doença, cujo trabalho vai dar certamente resultados bem reais.

Quando descortinar que não existe qualquer interesse apagarei de imediato os blogs de Parkinson e, como este meio é universal, viajarei através dos cabos coaxiais para o Brasil onde tenho sido bem recebido e desembarcarei de vez no http://maldeparkinson.blogspot.com  Blog de mal de Parkinson.

Estou grato a todos aqueles que colaboram ou que querem colaborar colocando post no http://parkinson.blog.sapo.pt ou no http://blogparkinson.blogspot.com.

Eu recorro aos textos dos nossos amigos do Brasil ou às notícias resumidas, indicando a fonte, enquanto restar saúde para o fazer.

Deste modo passei a dispensar as fontes nacionais, que não autorizam a edição de textos de interesse para os doentes, porquanto existem outros que o fazem e até agradecem.

Mais uma vez - isso pouco me interessa!

Eu admiro os homens grandes! Este País só crescerá quando culturalmente se elevar e acabar de vez com as doutorisses baratas de pseudo intelectuais. É por isso que devemos arregaçar as mangas e sem vaidades dizer, como escreveu o grande cientista português Tiago Fleming Outeiro: deixe de me chamar Dr.

Recordo-me, agora, de um caso interessante. Certo dia um amigo meu, muito conhecido, que tinha e tem um elevado conhecimento técnico na área da Contabilidade, foi dar um curso de formação a Licenciados.

Todos o escutaram com a atenção que merece um ilustre orador. Já no intervalo vieram a saber que o conferencista tinha um curso superior que não era equivalente a uma licenciatura. A partir daí não mais prestaram atenção ao que ele dizia...

Pois é! Esta é a nossa enorme diferença de mentalidade e assim não vamos a lado nenhum.

 

Deixem-me continuar a sonhar! Acredito que um qualquer milagre irá surgir e até fui a Balasar meter uma cunha à Beata Alexandrina que foi beatificada pela cura de uma doente portadora de Parkinson.

 

Vou terminar senão não paro de escrever e ainda para aqui começava a falar da crise política, do desemprego, da falta de esperança para o nosso povo, do maremoto, da guerra, da falta de saída para os jovens, da saúde ou na sua falta, da solidão, dos miseráveis silos onde se despejam os idosos, da justiça...de submarinos ou do desamor versus egoísmo.

Estou magoado. Não interessa a razão!

Quis Deus que ao fim de 3 anos, diagnóstico com o Mal de Parkinson ainda consiga dançar o tango  apenas sinto o meu lado esquerdo menos lesto e não consigo ajudar a minha grande mulher, a Bete ou Bety, Elisabete, a dobrar correctamente os lençóis mas ela compreende.

Deus é Grande!

Sejamos felizes se tempo houver,

Rogério Simões

 

 

Tinha prometido continuar a escrever no meu livro de poesia - só poesia.

Mais uma vez falho este compromisso, mas irei tentar resistir à tentação de escrever Contos da alma e do poeta em vez de Poemas de amor e dor

 

Carlos Drummond Andrade

 

Não importa onde você parou...
em que momento da vida você cansou...
o que importa é que sempre é possível e necessário "Recomeçar".

Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo...
é renovar as esperanças na vida e o mais importante...
acreditar em você de novo.

Sofreu muito nesse período?
foi aprendizado...

Chorou muito?
foi limpeza da alma...

Ficou com raiva das pessoas?
foi para perdoá-las um dia...

Sentiu-se só por diversas vezes?
é por que fechaste a porta até para os anjos...

Acreditou que tudo estava perdido?
era o início da tua melhora...

Pois é...agora é hora de reiniciar...de pensar na luz...
de encontrar prazer nas coisas simples de novo.

Que tal um novo emprego?
Uma nova profissão?
Um corte de cabelo arrojado...diferente?
Um novo curso...ou aquele velho desejo de aprender a
pintar...desenhar...dominar o computador... ou qualquer outra coisa...

Olha quanto desafio...quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te esperando.

Tá se sentindo sozinho?
besteira...tem tanta gente que você afastou com o seu "período de isolamento"... tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu para "chegar" perto de você.

Quando nos trancamos na tristeza...
nem nós mesmos nos suportamos... ficamos horríveis...
o mal humor vai comendo nosso fígado... até a boca fica amarga.

Recomeçar...hoje é um bom dia para começar novos desafios.

Onde você quer chegar? ir alto...sonhe alto... queira o melhor do melhor...
queira coisas boas para a vida... pensando assim trazemos prá nós aquilo que desejamos... se pensamos pequeno... coisas pequenas teremos... já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente lutarmos pelo melhor... o melhor vai se
instalar na nossa vida.

E é hoje o dia da faxina mental...
joga fora tudo que te prende ao passado... ao mundinho de coisas tristes...fotos...peças de roupa, papel de bala...ingressos de cinema bilhetes de viagens... e toda aquela tranqueira que guardamos quando nos julgamos apaixonados... jogue tudo fora... mas principalmente... esvazie seu coração...
fique pronto para a vida... para um novo amor...
Lembre-se somos apaixonáveis... somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes... afinal de contas... Nós somos o "Amor"...

" Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do tamanho da minha altura."

Carlos Drummond Andrade

 

(Agradeço à Dalva o poema)

Publicado em "poemas de amor e dor"

 Rogério

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publicado às 21:58




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