Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]



IMG_1862.JPG

 

PARKINSON – 11 DE ABRIL DE 2018

DIA MUNDIAL DO PARKINSON

Rogério Martins Simões

 

E de repente o céu desabou em mim!

O diagnóstico era terrível - PARKINSON

 

Uma flecha certeira transpôs o meu coração!

Olhei a ferida – das feridas escorre o vermelho cor de sangue - mas não vi sangue, porém, estava ferido e nem queria acreditar!

 

(Às vezes a vida é “madrasta” e cheia de sofrimentos.)

E vieram-me à cabeça tantos pensamentos.

Recordei-me que tinha passado mais de metade da minha vida a caminho dos hospitais

Afinal o nosso corpo é como uma árvore: as folhas caem no Outono e rebentam na Primavera.

Nesse tempo, dos 20 anos aos 40 anos de idade, de desmaio em desmaio o sangue brotava tomando a forma de melena e/ou hematémese.

Perguntava então aos Céus a razão para tanto tormento.

E encontrei dois velhos poemas:

HOJE

Rogério Martins Simões

 

Hoje

Fiquei sem nada

Olhando as estrelas,

Na rua,

Habilitando-me

A uma viagem à lua.

 

Hoje fiquei sem nada!

Sem lar!

Sem família!

Abandonado!

Aguardando

No espaço vazio

da minha vida

Pela casa cheia.

 

Hoje não há sol,

nem calor

E o meu coração

que falha

Lança na dor

Meu corpo frágil

Que desmaia…

2/3/1973

 

MEIO HOMEM INTEIRO

Rogério Martins Simões

 

Meia selha de lágrimas.

Meio copo de água

Meia tigela de sal

Meio homem de mágoa.

Meio coração destroçado

Meia dor a sofrer.

Meio ser enganado

Num homem inteiro a morrer.

1974

 

Em 1990 voltou a bonança! O barco balouçava mas não andava à deriva…

 

Mas, de repente, em 2002 o céu desabou em mim!

Se não era capaz de abotoar a camisa com a mão esquerda como iria ter forças para suster o céu?

 

PARKINSON

(DIAGNÓSTICO)

Rogério Martins Simões

 

Meu amor! Tu não estavas enganada!

Só tu darias pela diferença no gesto,

Pela minha expressão algo errada,

O meu lado esquerdo menos lesto.

 

Hoje, tu não ficaste surpreendida.

Componho este poema e não desisto:

A direita, com que escrevo, agradecida!

Com a esquerda não escrevo mas insisto!

 

Com a direita escrevo o “A” de amor!

Com a esquerda se escreve o “D” de dor!

E o resto deste poema em desespero!

 

Pois sofrer, tanto sofrer não conhece.

O meu corpo, tanto sofrer, não merece.

Sofrer mais, por sofrer, não quero!

 

04-06-2002

 

 

Chorei! Sim um homem também chora! Mas não me vou embora, embora às vezes até me apeteça partir…abandonar tudo.

Durante estes últimos anos tenho pedido a Deus, à vida ou ao Universo para ter coragem.

De vez em vez chegam notícias que me prometem ajudar a segurar o teto do céu com as minhas duas mãos de esperança. Deus queira!

Uma palavra de esperança a todos os que sofrem direta ou indiretamente: acreditem que somos nós que temos de refazer e lutar por uma vida melhor, minorando os sofrimentos e os estragos da alma ou do corpo.

 

 

ESPERANÇA

Rogério Martins Simões

 

Entrelaço os meus dedos nos teus:

Vivas ilusões, ténues lembranças.

Foram inatingíveis os versos meus,

Outono breve, poucas esperanças.

 

Ateámos o fogo nas estrelas dos céus.

Mapeávamos nossos corpos de danças.

Encontros e desencontros não são réus…

Presos não estamos, procuro mudanças.

 

Agora, adorno enigmas bordados de cruz,

Cintilam horizontes de esperança e luz,

Meu fogo arde no mais puro cristal.

 

E se na alquimia busco a perfeição,

Respondo às interrogações do coração,

Descubro no amor a pedra filosofal.

 

Lisboa, 02-10-2006 23:58

 

É através da poesia – canto mágico dos poetas – que tenho sempre presente, no meu coração, todos aqueles que mais sofrem – já nem escrevem! Já não falam – mas escutam se lhes falarmos de mansinho ao ouvido. Sendo assim escrevo por eles, em mim, com esta mão direita.

E se nesta missão conseguir fazer com que um, pelo menos um, se sinta menos infeliz, menos desamparado, menos solitário e com alguma confiança no futuro – então valeu a pena ser a meu modo solidário!

Incluo aqui todos os sofrimentos, todas as maleitas da carne ou da alma, ou seja – uma universalidade de doentes, doenças, guerras, ódios, fome, violência, racismo, abandono... Enfim, um sem número de males que dia a dia consomem o homem!

Aproveito para enaltecer os profissionais de saúde e os cientistas que, procurando amenizar a dor, colocam o amor, o saber, e o conhecimento científico, ao serviço da humanidade.

À restante comunidade, aos cidadãos que pagam os seus impostos e que devem exigir que estes sejam bem administrados, o apreço pelo cumprimento deste dever cívico e solidário.

Vou terminar.

Resta-me deixar aqui uma palavra de esperança num futuro melhor onde nem raças nem credos nos dividam. Onde haja lugar a um avanço na ciência para que todos possam ter uma vida mais digna. Porém, se essa evolução não vier a beneficiar os desprotegidos – POR FAVOR - deixem ficar tudo como está.

 

Muito obrigado aos cientistas portugueses!

Talvez nos devolvam a vontade para viver.

Entretanto, e mais uma vez, volto a sonhar!

Rogério Martins Simões

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 00:56




Arquivo

  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2019
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2018
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2017
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2016
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2015
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2014
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2013
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2012
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2011
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2010
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2009
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2008
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2007
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2006
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2005
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2004
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D