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(Óleo sobre tela Real Bordalo)
No dia 27 de Abril de 2008 consegui, finalmente, escrever um lindo soneto dedicado à minha estrela – Elisabete Sombreireiro Palma, à “ESTRELA MAIS BELA QUE ENCONTREI” e, nesse mesmo dia, agradeci aos céus este facto, marquei uma visita a Barrancos pensando que tinha passado esta difícil fase. Não passou! A dificuldade em escrever é, em cada dia que passa, maior. Tremo, temo! Como é difícil superar os estragos causados por esta doença! Estou a ficar muito cansado…
O grito que aqui deixo, sem data, tem hoje mais sentido.
Nestes últimos meses tenho observado em mim o agravamento dos sintomas da Parkinson. É como uma revolta sonâmbula que me tem impedido de escrever poesia; de reviver na esperança, que me deixa em pranto, mas não quer compaixão!
Como funcionário público, tudo me é exigido como estivesse bem. Não estou!
Que falta de sensibilidade! Quanta ignorância reina da mente sábia dos que persistem em tratar mal todos os trabalhadores de função pública. Que luta tremenda enfrento, todos os dias pregado a um computador, para dar pareceres técnicos. Afinal, tenho 58 anos de idade e 38 anos de descontos - igual a 18% de penalização. Que descaramento! Que falta de solidariedade e desamor.
Que esperança de vida “à solta” me resta?
Desculpem-me este desabafo mas estou a ficar farto. Farto-me de lutar para que não me vá abaixo, para que não desista de lutar pela vida e que vida nos dão estes senhores?
Amanhã estarei melhor…
30-03-2008 23:47:49
Sempre,
Amanhã estarei melhor
Rogério Martins Simões
Hoje continua o lastro
do meu estado de alma
do dia de ontem.
Estou envolvido
numa teia que enleia.
Estou como que pregado
a um madeiro
sem pregos ou cordas.
Solto uma terrível agonia
e, sem dar conta,
nem vómitos dão a perceber.
Sou uma represa invisível
num turbilhão de água
pesarosa.
Se ao menos chorasse.
Se ao menos morresse.
Sou um ser solitário
acompanhado
com a mulher mais presente
- O amor da minha vida.
Será do tempo?
Hoje meu corpo
nem o Tejo espreitou!
Sinto-me agarrado a nada,
e nem mesmo a lua
terá saudades em me ver.
Este vazio imenso
parece furtar
as palavras do coração.
Parece levar a alma,
que renascia,
quando noite fora partia,
pelo Tejo,
em busca de uma bruma de saudade.
Será do Inverno?
Não! O Inverno esquivou-se
nas estações esquecidas,
onde nem as carruagens
de terceira classe param.
Amanhã estarei melhor!
PARKINSON PORTUGAL