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TRINTA MIL SOFREM DE DOENÇA SEM CURA – PARKINSON. (Correio da Manhã de 9/01/2010)
Acabo de ler as páginas 26 e 27 do Correio da Manhã de hoje onde estimam que só em Portugal existem trinta mil doentes que sofrem de Parkinson.
Esta doença que afeta mulheres e homens a partir dos 55 anos é caracterizada por tremor, lentidão de movimentos, rigidez muscular e dificuldades de equilíbrio – é a chamada doença de “movimento” ou como eu a costumo designar “de falta de movimento”
No meu caso, estou diagnosticado com esta doença desde 2002, tinha então 53 anos.
Entretanto criei um blog de Parkinson para ajudar os outros a conhecerem a doença de Parkinson e ao longo de 7 anos tenho recebido testemunhos que não me deixam generalizar, ou seja, existem testemunhos de jovens com pouco mais de 20 anos que já estão diagnosticados com Parkinson. Quero com isto dizer que esta notícia poderia ter como título – que “afeta homens e mulheres essencialmente a partir dos 55 anos”.
Na primeira página existe um testemunho de um companheiro, o Sr. Joaquim Teixeira que carregado de esperança afirma “Dentro de cinco ou 10 anos, vamos ter medicamentos que interferem na evolução da doença”. Bravo companheiro, eu penso da mesma forma!
Depois existe uma entrevista com Helena Machado, Presidente da associação Portuguesa de Doentes de Parkinson que afirma que os doentes quando entram no hospital ficam seis meses à espera da confirmação do diagnóstico. Refere ainda que a unidade de cuidados continuados integrados, é insuficiente, os serviços de saúde não têm equipas suficientes.
Entre a página 25 e 26 está a escala de medida da intensidade que afeta os doentes de Parkinson: a escala HOEHN E YAHR. Eu encontro-me no nível 3 da escala de 5.
Vou terminar a descrição do que li no Correio da Manhã, algo que me deixou muito triste, é como eu já tivesse uma sentença de morte anunciada. Reparem na notícia que se encontra no topo da página 27, em destacado e passo a descrever:
MÉDIA DE VIDA
A ESPERANÇA MÉDIA DE VIDA ATUAL DOS DOENTES DE PARKINSON É DE CERCA DE 15 ANOS APÓS O INÍCIO DOS SINTOMAS.
Querem dizer com isto, no meu caso, que levo já 9 anos de diagnóstico e que me restam 6 anos de esperança média de vida. Como já tinha sintomas anteriores estarei próximo da morte.
São notícias destas que nos deixam afetados. Porém caros companheiros doentes de Parkinson e amigos: não irá ser desta que me irei deixar levar, pois vos digo, tudo farei para continuar a lutar pela esperança. E quando a sentir perder, se ainda assim continuar a escrever a uma mão como hoje o faço – despejarei a minha dor, sem ódio à pouca, sorte nos meus POEMAS DE AMOR E DOR.
Obrigado a todos quantos me têm apoiado e aturado quando a catarse me leva a escrever poemas de muita dor relacionados com esta doença que abrange mais de 4 milhões em todo o mundo.
Rogério Martins Simões
TURBULÊNCIA 2006
Rogério Martins Simões
Consciente do contraste que arrasto,
nos piores dias, quando me escondo
entre quatro paredes e me sufocam.
Quem me dera acordar da surdina
das palavras….
Na inconsciente turbulência
dos poemas que deixo de escrever,
que grito, e vão por aí.
Hoje sou eu próprio:
A métrica repetida
dos cantos marginais
e colectivos de dor.
Sou um completo deslize,
fora de tempo,
sem dar tempo
às palavras do coração.
Sou uma vaga de frio
que se enrosca pela manhã
numa tosse compulsiva.
Sou como uma fábrica,
sem chaminés,
encimada, “brada aos céus”…
Quem me dera ter manhãs
luzidias
de oblação e de oferendas…
E de repente,
como que a força que retém
a minha mão esquerda
rompesse a bruma da manhã,
apetece viajar,
subir ao mastro dianteiro
e cobrir a minha face lambida
de sal e mar.
24/02/2006
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INTROSPECÇÃO
Se não conseguires escrever
com as duas mãos,
ainda assim, escreverás com uma;
Se tiveres dificuldade em escrever direito,
com uma mão,
escreve com os dedos que te restam;
Se te tremerem as mãos
e sentires que te olham,
não te importes!
Só treme quem está vivo.
Se não conseguires escrever
Dita os teus reversos
para que alguém
te apare a escrita…
e o néctar dos teus versos.
Se mesmo assim
tiveres em dificuldade,
esforça-te:
grava as palavras
no teu coração
E recorda que já foste poeta
Lisboa, 29 de Janeiro de 2008
Rogério Martins Simões
(Óleo sobre tela Real Bordalo)
No dia 27 de Abril de 2008 consegui, finalmente, escrever um lindo soneto dedicado à minha estrela – Elisabete Sombreireiro Palma, à “ESTRELA MAIS BELA QUE ENCONTREI” e, nesse mesmo dia, agradeci aos céus este facto, marquei uma visita a Barrancos pensando que tinha passado esta difícil fase. Não passou! A dificuldade em escrever é, em cada dia que passa, maior. Tremo, temo! Como é difícil superar os estragos causados por esta doença! Estou a ficar muito cansado…
O grito que aqui deixo, sem data, tem hoje mais sentido.
Nestes últimos meses tenho observado em mim o agravamento dos sintomas da Parkinson. É como uma revolta sonâmbula que me tem impedido de escrever poesia; de reviver na esperança, que me deixa em pranto, mas não quer compaixão!
Como funcionário público, tudo me é exigido como estivesse bem. Não estou!
Que falta de sensibilidade! Quanta ignorância reina da mente sábia dos que persistem em tratar mal todos os trabalhadores de função pública. Que luta tremenda enfrento, todos os dias pregado a um computador, para dar pareceres técnicos. Afinal, tenho 58 anos de idade e 38 anos de descontos - igual a 18% de penalização. Que descaramento! Que falta de solidariedade e desamor.
Que esperança de vida “à solta” me resta?
Desculpem-me este desabafo mas estou a ficar farto. Farto-me de lutar para que não me vá abaixo, para que não desista de lutar pela vida e que vida nos dão estes senhores?
Amanhã estarei melhor…
30-03-2008 23:47:49
Sempre,
Amanhã estarei melhor
Rogério Martins Simões
Hoje continua o lastro
do meu estado de alma
do dia de ontem.
Estou envolvido
numa teia que enleia.
Estou como que pregado
a um madeiro
sem pregos ou cordas.
Solto uma terrível agonia
e, sem dar conta,
nem vómitos dão a perceber.
Sou uma represa invisível
num turbilhão de água
pesarosa.
Se ao menos chorasse.
Se ao menos morresse.
Sou um ser solitário
acompanhado
com a mulher mais presente
- O amor da minha vida.
Será do tempo?
Hoje meu corpo
nem o Tejo espreitou!
Sinto-me agarrado a nada,
e nem mesmo a lua
terá saudades em me ver.
Este vazio imenso
parece furtar
as palavras do coração.
Parece levar a alma,
que renascia,
quando noite fora partia,
pelo Tejo,
em busca de uma bruma de saudade.
Será do Inverno?
Não! O Inverno esquivou-se
nas estações esquecidas,
onde nem as carruagens
de terceira classe param.
Amanhã estarei melhor!
(Óleo sobre tela Elisabete M. Sombreireiro Palma)
(Parabéns Elisabete!
Meu lindo sonho presente e belo - como lindos são os teus quadros.
Desta vez dedico-te um soneto)
Sonhos desfeitos
Rogério Martins Simões
O Sol resplandece e a água espuma
As ondas vagueiam e o barco desliza
Sobra no meu peito uma dor bruma
Que se esfuma nas colinas da brisa
A minha mão sobressai e já foi calma
O meu papel reproduz o adverso
Deixa escrever o que chora a alma
Acalma, vagueia e ensaia um verso
A escrita azul tem uma mancha preta:
Letra miudinha que desenha a caneta.
Do bloco de notas gotejam os defeitos
E se não mais encontrar sonho vão…
Fiquem os versos que redigi com a mão
Colorindo sonhos, com sonhos desfeitos
Lisboa – Tejo – 14 de Agosto de 2007
Concluído em 18 de Outubro de 2007
http://poemasdeamoredor.blogs.sapo.pt
(Óleo sobre tela Elisabete Sombreireiro Palma)
Elevo o espírito
Rogério Martins Simões
Elevo o espírito! Tenho os olhos perto
Só o pensamento não o sinto tremer…
Entoo, num canto, um canto encoberto
O que a tremura não me deixa fazer.
Volto à poesia na catarse que liberto
Chegaste, assim, ao impasse quefazer?
Desdobro e retomo o amanhã incerto
Faço de conta que se vive sem viver?
Aperto as minhas mãos para as libertar
Vejo-as estremecer! Já não sabem parar
Salva-me poesia, não me deixe ficar mal.
Volta poesia, pois de chorar tudo chorei.
Volta! Que na dor, pela dor não morrerei
Quanta melancolia têm estes olhos de sal!
Meco, 09-07-2007 20:03
Piso a areia da praia
Rogério Martins Simões
Piso a areia da praia!
Que peso pesam os pés!
Parecem mesmo uma raia
Presa nas marés.
Transporto a toalha
Levo comigo o jornal
Lembro-me de jogar a malha
Levo a dor no bornal
Piso a areia da praia!
Vou pela borda da água.
Onda amena que se espraia
Leva contigo a minha mágoa...
Queria de novo ter saúde
Seria novamente tão feliz
Tremer não é virtude
Tremer eu nunca quis
Deito-me!
Penso!
Mesmo deitado no chão
- Mulher! Porque me aturas?!
Não te queria dar razão
Mas és tu que me seguras!
Como esta areia brilhante
A que a praia chamou de sua
Areia que da praia és amante
Oh mar salgado a praia é tua!
Um perfume paira no ar…
A vida a Deus pertence
O sol quente esconde a lua…
A maresia não veio para ficar...
A Parkinson não me vence
Vou continuar a lutar!
Piso a areia da praia
A maresia sofre um revés
A areia parece cambraia
Sacudo a raia dos pés…
30-09-2004 21:00:13
Aldeia do Meco
(Óleo sobre tela – 2007-
Elisabete M. Sombreireiro Palma)
Preciso de paz! Necessito de Luz
(Rogério Martins Simões)
Carrego as minhas emoções,
Sou lembrança e pensamento.
Como distinguir o indistinto
Se tudo não parece mudar
Confundem-me as emoções!
Bebo em cada momento,
A bebedeira que não sinto
Tombo! O meu corpo vai tombar!
Pouco importa que eu chore
Se meu o choro já não chora!
Decerto que a lua fugiu…
pois toda a noite se fez breu.
Ando por aí sem rumo,
cegueira virtual
que me conduz ao abismo.
Foi de propósito!
Conhecem o meu gosto pelo
Luar…
Acabo por passar
por uma fase da lua à
cintura…
Preciso de luz!
Necessito de paz!
Conduziram a estrela
da noite
ao hospício
Amarraram-na
num colete-de-forças.
Não forces o teu sorriso!
Se não te avisto…
Visto um disfarce
para libertar os prisioneiros…
Rastejo barata pelas
paredes
Medeio um conflito
entre loucos…
Preciso de luz!
Necessito de paz!
Certo que a lua não
fugiu,
de mim, sem eu…
Meu rumo é sofrer,
vendo, no real, este enorme
cinismo.
Roubaram o que me resta
do verbo amar
Acabo por cegar
e ainda, assim,
enxergo a amargura!
Lisboa, 3 de Maio de 2007
A coragem não falta aos grandes homens!
Todos temos de lutar e tentar viver um dia de cada vez - o melhor possível.
Rogério
ESPERANÇA
Entrelaço os meus dedos nos teus
Vivas ilusões, ténues lembranças
Foram inatingíveis os versos meus
Outono breve, poucas esperanças
Ateámos o fogo nas estrelas dos céus
Mapeávamos nossos corpos de danças,
Encontros e desencontros, não são réus
Presos não estamos, procuro mudanças
Agora, adorno enigmas, bordados de cruz
Cintilam horizontes de esperança e luz
Meu fogo arde no mais puro cristal
E se na alquimia busco a perfeição
Respondo às interrogações do coração
Descubro no amor a pedra filosofal.
Lisboa, 02-10-2006 23:58
PARKINSON PORTUGAL