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A DISCINESIA e o PARKINSON.
O vídeo que vos quero mostrar foi gravado numa Tertúlia Poética em Alenquer.
Podia esconder e não dar a conhecer a minha discinesia própria dos doentes de Parkinson. Não o fiz pois precisamos de encarar os malefícios desta agitação que se caracteriza por movimentos repetitivos, involuntários e repetitivos.
Há que não ter vergonha e lutar pela não exclusão a que muitos, entre os quais os que se dizem amigos. Vamos lutar e não nos rendermos perante estes e outros sintomas do PARKINSON.
Do vosso companheiro
Rogério Martins Simões
INTROSPECÇÃO
Se não conseguires escrever
com as duas mãos,
ainda assim, escreverás com uma;
Se tiveres dificuldade em escrever direito,
com uma mão,
escreve com os dedos que te restam;
Se te tremerem as mãos
e sentires que te olham,
não te importes!
Só treme quem está vivo.
Se não conseguires escrever
Dita os teus reversos
para que alguém
te apare a escrita…
e o néctar dos teus versos.
Se mesmo assim
tiveres em dificuldade,
esforça-te:
grava as palavras
no teu coração
E recorda que já foste poeta
Lisboa, 29 de Janeiro de 2008
Rogério Martins Simões
(Óleo sobre tela Elisabete M. Sombreireiro Palma)
(Parabéns Elisabete!
Meu lindo sonho presente e belo - como lindos são os teus quadros.
Desta vez dedico-te um soneto)
Sonhos desfeitos
Rogério Martins Simões
O Sol resplandece e a água espuma
As ondas vagueiam e o barco desliza
Sobra no meu peito uma dor bruma
Que se esfuma nas colinas da brisa
A minha mão sobressai e já foi calma
O meu papel reproduz o adverso
Deixa escrever o que chora a alma
Acalma, vagueia e ensaia um verso
A escrita azul tem uma mancha preta:
Letra miudinha que desenha a caneta.
Do bloco de notas gotejam os defeitos
E se não mais encontrar sonho vão…
Fiquem os versos que redigi com a mão
Colorindo sonhos, com sonhos desfeitos
Lisboa – Tejo – 14 de Agosto de 2007
Concluído em 18 de Outubro de 2007
http://poemasdeamoredor.blogs.sapo.pt
(Óleo sobre tela – 2007-
Elisabete M. Sombreireiro Palma)
Preciso de paz! Necessito de Luz
(Rogério Martins Simões)
Carrego as minhas emoções,
Sou lembrança e pensamento.
Como distinguir o indistinto
Se tudo não parece mudar
Confundem-me as emoções!
Bebo em cada momento,
A bebedeira que não sinto
Tombo! O meu corpo vai tombar!
Pouco importa que eu chore
Se meu o choro já não chora!
Decerto que a lua fugiu…
pois toda a noite se fez breu.
Ando por aí sem rumo,
cegueira virtual
que me conduz ao abismo.
Foi de propósito!
Conhecem o meu gosto pelo
Luar…
Acabo por passar
por uma fase da lua à
cintura…
Preciso de luz!
Necessito de paz!
Conduziram a estrela
da noite
ao hospício
Amarraram-na
num colete-de-forças.
Não forces o teu sorriso!
Se não te avisto…
Visto um disfarce
para libertar os prisioneiros…
Rastejo barata pelas
paredes
Medeio um conflito
entre loucos…
Preciso de luz!
Necessito de paz!
Certo que a lua não
fugiu,
de mim, sem eu…
Meu rumo é sofrer,
vendo, no real, este enorme
cinismo.
Roubaram o que me resta
do verbo amar
Acabo por cegar
e ainda, assim,
enxergo a amargura!
Lisboa, 3 de Maio de 2007
(Meco- Portugal 2007)
Ondas me vão levando
Rogério Martins Simões
Nestas tardes, vazias, ondas me vão levando
Nestas tardes tardias, nas ondas terei sofrido
Morto estarei se breve não estiver chorando…
Cedo estarei chorando; se tarde haverei morrido…
Homem, poeta, quimera ou sonho, até quando?
Aceito as tardes vazias e não me dou por vencido
Estou morto? Ou vivo num corpo que não comando?
Passos os dias sofrendo, de tanto sofrer dividido
E se a dor avançar, chorar não é humilhação
Quero combater meus choros desta atribulação
Quero esgrimir que o mau tempo traz a bonança
Erguerei barreiras para conter todas as marés
Que me travam as mãos e me tolhem os pés
E com elas erguerei uma fortaleza de esperança
05-03-2007 21:51
(Foto de Padre Pedro)
EMBOSQUEI-ME NA INDIFERENÇA
(Rogério M. Simões)
Embosquei-me na indiferença,
sem sentido,
e em cada dia que passa,
parte a sorte nos ponteiros do silêncio.
Estou um mestre de silêncios.
Esfrego o corpo por tudo o que senta,
assenta ou me deita.
Deito aos poucos o que resta de mim.
Penduro-me nos ponteiros do relógio,
giro e volto
aos marginais pessimismos.
Interrogo-me nas orações.
Interrogo e rogo
para que tudo seja melhor
mas a sorte não muda.
Mudam os silêncios redobrados,
desencantados: porquê?
Antes, quando era esperança,
não agonizavam as palavras
e os dias eram claros como o sol.
Para quê a poesia
se o poeta não casa as palavras da sorte
e se refugia nesta catarse do nada.
6/1/2006
PARKINSON PORTUGAL