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OS DIAS AMARGOS DE UM DOENTE DE PARKINSON
2011-07-10
Rogério Martins Simões
Nas minhas pernas assento
As minhas mãos trémulas de derrota…
Aos meus pés está este chão
Que ainda não me vence.
A minha cabeça preenche vitória…
Na vitória estas linhas escritas
Que não irei entender…
Depois…
Depois? Logo se verá.
A sorte continua desse lado.
Não! A sorte está comigo que ainda escrevo
Mesmo que eu não entenda o que escrevi.
No fundo não escrevo nada que não tivesse escrito…
Grito!
Um grito percorre sem glória a minha alma…
Meco, 10-07-2011 15:09:41
(Diálogos da alma e do poeta: os dias amargos de um doente de Parkinson)
TRINTA MIL SOFREM DE DOENÇA SEM CURA – PARKINSON. (Correio da Manhã de 9/01/2010)
Acabo de ler as páginas 26 e 27 do Correio da Manhã de hoje onde estimam que só em Portugal existem trinta mil doentes que sofrem de Parkinson.
Esta doença que afeta mulheres e homens a partir dos 55 anos é caracterizada por tremor, lentidão de movimentos, rigidez muscular e dificuldades de equilíbrio – é a chamada doença de “movimento” ou como eu a costumo designar “de falta de movimento”
No meu caso, estou diagnosticado com esta doença desde 2002, tinha então 53 anos.
Entretanto criei um blog de Parkinson para ajudar os outros a conhecerem a doença de Parkinson e ao longo de 7 anos tenho recebido testemunhos que não me deixam generalizar, ou seja, existem testemunhos de jovens com pouco mais de 20 anos que já estão diagnosticados com Parkinson. Quero com isto dizer que esta notícia poderia ter como título – que “afeta homens e mulheres essencialmente a partir dos 55 anos”.
Na primeira página existe um testemunho de um companheiro, o Sr. Joaquim Teixeira que carregado de esperança afirma “Dentro de cinco ou 10 anos, vamos ter medicamentos que interferem na evolução da doença”. Bravo companheiro, eu penso da mesma forma!
Depois existe uma entrevista com Helena Machado, Presidente da associação Portuguesa de Doentes de Parkinson que afirma que os doentes quando entram no hospital ficam seis meses à espera da confirmação do diagnóstico. Refere ainda que a unidade de cuidados continuados integrados, é insuficiente, os serviços de saúde não têm equipas suficientes.
Entre a página 25 e 26 está a escala de medida da intensidade que afeta os doentes de Parkinson: a escala HOEHN E YAHR. Eu encontro-me no nível 3 da escala de 5.
Vou terminar a descrição do que li no Correio da Manhã, algo que me deixou muito triste, é como eu já tivesse uma sentença de morte anunciada. Reparem na notícia que se encontra no topo da página 27, em destacado e passo a descrever:
MÉDIA DE VIDA
A ESPERANÇA MÉDIA DE VIDA ATUAL DOS DOENTES DE PARKINSON É DE CERCA DE 15 ANOS APÓS O INÍCIO DOS SINTOMAS.
Querem dizer com isto, no meu caso, que levo já 9 anos de diagnóstico e que me restam 6 anos de esperança média de vida. Como já tinha sintomas anteriores estarei próximo da morte.
São notícias destas que nos deixam afetados. Porém caros companheiros doentes de Parkinson e amigos: não irá ser desta que me irei deixar levar, pois vos digo, tudo farei para continuar a lutar pela esperança. E quando a sentir perder, se ainda assim continuar a escrever a uma mão como hoje o faço – despejarei a minha dor, sem ódio à pouca, sorte nos meus POEMAS DE AMOR E DOR.
Obrigado a todos quantos me têm apoiado e aturado quando a catarse me leva a escrever poemas de muita dor relacionados com esta doença que abrange mais de 4 milhões em todo o mundo.
Rogério Martins Simões
TURBULÊNCIA 2006
Rogério Martins Simões
Consciente do contraste que arrasto,
nos piores dias, quando me escondo
entre quatro paredes e me sufocam.
Quem me dera acordar da surdina
das palavras….
Na inconsciente turbulência
dos poemas que deixo de escrever,
que grito, e vão por aí.
Hoje sou eu próprio:
A métrica repetida
dos cantos marginais
e colectivos de dor.
Sou um completo deslize,
fora de tempo,
sem dar tempo
às palavras do coração.
Sou uma vaga de frio
que se enrosca pela manhã
numa tosse compulsiva.
Sou como uma fábrica,
sem chaminés,
encimada, “brada aos céus”…
Quem me dera ter manhãs
luzidias
de oblação e de oferendas…
E de repente,
como que a força que retém
a minha mão esquerda
rompesse a bruma da manhã,
apetece viajar,
subir ao mastro dianteiro
e cobrir a minha face lambida
de sal e mar.
24/02/2006
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INTROSPECÇÃO
Se não conseguires escrever
com as duas mãos,
ainda assim, escreverás com uma;
Se tiveres dificuldade em escrever direito,
com uma mão,
escreve com os dedos que te restam;
Se te tremerem as mãos
e sentires que te olham,
não te importes!
Só treme quem está vivo.
Se não conseguires escrever
Dita os teus reversos
para que alguém
te apare a escrita…
e o néctar dos teus versos.
Se mesmo assim
tiveres em dificuldade,
esforça-te:
grava as palavras
no teu coração
E recorda que já foste poeta
Lisboa, 29 de Janeiro de 2008
Rogério Martins Simões
(Óleo sobre tela - TEMPESTADE
de ELISABETE MARIA SOMBREIREIRO PALMA)
DIA MUNDIAL DO DOENTE COM PARKINSON
11de Abril de 2008
(Sexta-feira à tarde)
RTP2 – SOCIEDADE CIVIL
(Programa apresentado por FERNANDA FREITAS)
No próximo dia 11 de Abril é lembrado à sociedade que existe uma doença, neurodegenerativa, que dá pelo nome PARKINSON.
No serviço público da televisão, de qualidade, RTP2, no programa magazine de informação, “Sociedade Civil”, vai falar-se sobre Parkinson.
Todos aqueles que são portadores desta doença sabem o que sofrem e o que fazemos sofrer. Nesta data, em meu nome e como portador da doença, entendo que devo agradecer a quem directa ou indirectamente nos ajuda.
Ao Tiago Fleming Outeiro, ilustre Professor e cientista português, e à sua equipa de cientistas, quero agradecer tudo o que tem feito para minorar os “estragos”. O Tiago sabe, que eu sei, que nos irá dar muitas alegrias. Talvez por isso não tenha estranhado as boas-novas que nos chegaram recentemente. Obrigado TIAGO por colaborar há anos com este modesto blog e com o blog “Mal de Parkinson” do Brasil.
Agradeço, também, aos restantes cientistas, aos médicos, aos restantes profissionais de saúde, às Associações de Parkinson, às famílias, aos voluntários e a todos aqueles que ajudam os milhões de doentes, onde incluo doadores, jornalistas e promotores de programas como o que vos é anunciado.
Queridos pais, não se preocupem tanto com este vosso filho! Gosto muito de vós! Pai, mestre poeta com quase 86 anos, vai passar tudo, não vai?!
Finalmente à minha esposa! Para ela tudo! Obrigado Elisabete Maria Sombreireiro Palma.
Aos verdadeiros amigos, e restantes portadores de Parkinson, vai um abraço numa manhã de esperança.
Deixo-vos em poesia alguns dos meus estados de alma, maus sofríveis ou razoáveis, desde que em 2002 me disseram: Sofre de Parkinson!
Não iremos desistir de lutar!
PARKINSON
(DIAGNÓSTICO)
Rogério Martins Simões
Meu amor! Tu não estavas enganada!
Só tu darias pela diferença no gesto
Pela minha expressão algo errada...
O meu lado esquerdo menos lesto.
Hoje, tu não ficaste surpreendida.
Componho este poema, e não desisto:
A direita, com que escrevo, agradecida!
Com a esquerda não escrevo mas insisto!
Com a direita escrevo o “A” de amor,
Com a esquerda se escreve o “D” de dor
E o resto deste poema em desespero.
Pois sofrer, tanto sofrer não conhece
Meu corpo, tanto sofrer, não merece
Sofrer mais, por sofrer, não quero!
04-06-2002
BASTA DE TANTO SOFRER
(13 de Maio)
Rogério Martins Simões
Basta de tanto sofrer!
Chega de tanta agonia!
Já não consigo escrever
E tremendo não ousaria.
Mas desta forma tremer,
Com esta mão temendo fria
Quisera alguém viver
Sem prazer ou alegria?
Pergunto a ti meu amor
A razão da minha dor:
Porquê tanto tormento?
E se adio o meu sofrimento
Em ti que só força recebo
Volto a ter coragem e escrevo.
13-05-2004 2:07:59
Destino ou Coragem
(
Deixei para trás o meu ego
Deixei o sonho segurar o tento…
Quis Deus ou o destino cego
Que o destino fosse tormento
Ao sonho e à coragem me apego
Gavião deixa passar o vento…
Sou náufrago em desassossego
Destino ou coragem sustento.
Não! Não mais quero o desespero!
Não negoceio contigo e não quero!
Sou trama e urdidura forte…
E se o destino a coragem revela
Partiremos juntos num barco à vela
Pois na coragem se combate a sorte…
Lisboa, 29-08-2006 22:36
Soprei numa pena…
Rogério Martins Simões
Soprei numa pena
Que se anichou à janela
Aí está ela, agarrada à empena.
Sem pena, partiu à vela….
Valerá a pena ir atrás dela?
Deu a volta e reentrou,
Parece serena!?
Soprei na pena e a pena voou,
Aí vai ela! Pela porta pequena…
Valerá a pena partir com ela?
Vem um passarito
Apanha-a no bico
Ouve-se um grito
Aí vai ela, a caminho do pico…
Valerá a pena ter pena dela?
Vem um gavião com asas de granito,
Devolve-me a pena, com penas na sela…
São do passarito que passou a goela
Parte gavião! Leva as penas maldito…
Regressou a pena!
Não voltei a soprar mais nela…
Parece serena,
A pena,
Que pena reencontrar-me com ela!
Hospital dos Capuchos, 19/9/2007
(Concluído em 02/10-2007)
Se voltasse não mais choraria
Rogério Martins Simões
Gosto dos simples como gosto de poesia
Até gosto d´ervas que crescem daninhas
Não gosto de choros e tristezas minhas
Viver por viver jamais viveria.
Provei o vinho amargo, da amarga agonia,
Feito de fel, alegrias-poucas, dores minhas.
Se voltasse não mais choraria
Beberia o vinho novo colhido das vinhas
Como poeta eu seja lembrado
Num cantar errante mas perfumado
Volte amanhã de novo a florir
E serei poema em forma de trigo
Semente de amor; cantar de amigo
Para que não mais chore o meu sorrir!
16-05-2005
POUCOS REFLEXOS ME RESTAM
Rogério Martins Simões
Poucos reflexos me restam
Muitas artes me esperam
e eu não vou…
Que importa a poesia
que não se escreve!?
Soluço tantas vezes
os meus poemas!
Engulo as penas…
E com algemas…
Desesperadamente
Não apanho os versos.
Se ao menos a outra mão
me acompanhasse
Deixasse de tremer
Enquanto escrevo poesia
Certamente prometia
Não mais chorar.
E neste acervo
Se eu achasse qualquer remédio
(Uma pílula milagrosa qualquer)
Que me pudesse rejuvenescer
Parasse este meu tango…
A que chamam de Parkinson.
Voltaria a dançar fandango
Voltaria a dançar o charleston.
16-05-2005 18:46
ESPERANÇA
Rogério Martins Simões
Entrelaço os meus dedos nos teus
Vivas ilusões, ténues lembranças
Foram inatingíveis os versos meus
Outono breve, poucas esperanças
Ateámos o fogo nas estrelas dos céus
Mapeávamos nossos corpos de danças,
Encontros e desencontros, não são réus
Presos não estamos, procuro mudanças
Agora, adorno enigmas, bordados de cruz
Cintilam horizontes de esperança e luz
Meu fogo arde no mais puro cristal
E se na alquimia busco a perfeição
Respondo às interrogações do coração
Descubro no amor a pedra filosofal.
Lisboa, 02-10-2006 23:58
(Óleo sobre tela Real Bordalo)
No dia 27 de Abril de 2008 consegui, finalmente, escrever um lindo soneto dedicado à minha estrela – Elisabete Sombreireiro Palma, à “ESTRELA MAIS BELA QUE ENCONTREI” e, nesse mesmo dia, agradeci aos céus este facto, marquei uma visita a Barrancos pensando que tinha passado esta difícil fase. Não passou! A dificuldade em escrever é, em cada dia que passa, maior. Tremo, temo! Como é difícil superar os estragos causados por esta doença! Estou a ficar muito cansado…
O grito que aqui deixo, sem data, tem hoje mais sentido.
Nestes últimos meses tenho observado em mim o agravamento dos sintomas da Parkinson. É como uma revolta sonâmbula que me tem impedido de escrever poesia; de reviver na esperança, que me deixa em pranto, mas não quer compaixão!
Como funcionário público, tudo me é exigido como estivesse bem. Não estou!
Que falta de sensibilidade! Quanta ignorância reina da mente sábia dos que persistem em tratar mal todos os trabalhadores de função pública. Que luta tremenda enfrento, todos os dias pregado a um computador, para dar pareceres técnicos. Afinal, tenho 58 anos de idade e 38 anos de descontos - igual a 18% de penalização. Que descaramento! Que falta de solidariedade e desamor.
Que esperança de vida “à solta” me resta?
Desculpem-me este desabafo mas estou a ficar farto. Farto-me de lutar para que não me vá abaixo, para que não desista de lutar pela vida e que vida nos dão estes senhores?
Amanhã estarei melhor…
30-03-2008 23:47:49
Sempre,
Amanhã estarei melhor
Rogério Martins Simões
Hoje continua o lastro
do meu estado de alma
do dia de ontem.
Estou envolvido
numa teia que enleia.
Estou como que pregado
a um madeiro
sem pregos ou cordas.
Solto uma terrível agonia
e, sem dar conta,
nem vómitos dão a perceber.
Sou uma represa invisível
num turbilhão de água
pesarosa.
Se ao menos chorasse.
Se ao menos morresse.
Sou um ser solitário
acompanhado
com a mulher mais presente
- O amor da minha vida.
Será do tempo?
Hoje meu corpo
nem o Tejo espreitou!
Sinto-me agarrado a nada,
e nem mesmo a lua
terá saudades em me ver.
Este vazio imenso
parece furtar
as palavras do coração.
Parece levar a alma,
que renascia,
quando noite fora partia,
pelo Tejo,
em busca de uma bruma de saudade.
Será do Inverno?
Não! O Inverno esquivou-se
nas estações esquecidas,
onde nem as carruagens
de terceira classe param.
Amanhã estarei melhor!
(óleo sobre tela Elisabete sombreireiro Palma)
Se mora
http://www.cienciahoje.pt/engines/image/image.php?oid=24340
Sábado 17 de Novembro de 2007, pelas 17 horas na
FNAC CHIADO - LISBOA_ PORTUGAL
Os meus agradecimentos ao TIAGO FLEMIG OUTEIRO
PARKINSON
(DIAGNÓSTICO)
Meu amor! Tu não estavas enganada!
Só tu darias pela diferença no gesto:
Pela minha expressão algo errada...
O meu lado esquerdo menos lesto.
Hoje, tu não ficaste surpreendida!
Componho este poema, e não desisto:
A direita, com que escrevo, agradecida!
A esquerda que não escreve, mas insisto!
Com a direita escrevo o “A” de amor,
Com a esquerda se escreve o “d” de dor
E o resto deste poema em desespero.
Pois sofrer, tanto sofrer não conhece
Meu corpo, tanto sofrer, não merece
Sofrer mais, por sofrer, não quero!
04-06-2002
MENTIA SE TE DISSESSE QUE MINTO
Rogério Martins Simões
Mentias se me dissesses… que pinto…
Não me esforço, peço ajuda, e tu vais
Ajeitas-me o nó da gravata… e o cinto.
Teus passos para mim são sempre mais…
Mentia era se eu dissesse que minto,
Que do meu corpo já não saem vendavais
Que os pés já me pesam e não os sinto
E que os meus passos para ti são demais.
E se te peso ao de leve e não quero
Tu bem sabes a razão do desespero
Não seja tamanha a razão do repeso
Pois se quis voar na ode de um poema
Irás encontrar em meus versos alfazema
Antes fosse manha a razão do meu peso.
10-08-2005 23:31
O QUE O TEMPO TEM DE SOBRA
(
O que o tempo tem de sobra
É o tempo que me dobra…
Dobra o tempo, faz-me velho
Quando revejo o espelho
O tempo terá sempre tempo…
Se a tempo meu riso chegar
Pois… se deslizar desatento…
Talvez o possa encontrar
Passo os dias à procura
(Meu tempo não vai durar)
Meu corpo é espiga madura
Só o tempo o irá vergar
Dobra o corpo no desalento
Semente do tempo e da idade
Já oiço o silvar do vento
Da eterna claridade
E se o tempo não me acalma
Meu corpo nem sempre dura
O tempo não tem a minha alma
Para sempre no tempo perdura
Pois se Deus criou o mundo
E ao sétimo dia descansou
Paro este diálogo profundo…
Para onde a alma me levou
Tempo! Que tens de sobra?
- É o tempo que te dobra…
- Dobra tempo; quero voar!
Voa o tempo e me renova
A dor o riso e a prova…
Agora quero descansar.
17/04/2004
Concluído em
26/08/2005
http://poemasdeamoredor.blogs.sapo.pt
mocidade
Rogério Martins Simões
Se ao menos tu
me dissesses qualquer coisa…
Pudesses falar comigo
Como falavas outrora…
Se ao menos eu te visse agora…
talvez me visses de sacola
num quadro qualquer de loisa
a escrever de novo na escola.
Mas não!
Partiste mais cedo…e eu quedei
com a mesma ternura de outrora,
carregado de riscos por fora
para aqui envelhecendo fiquei!
Mas…
Se eu te pedisse para voltares
seria de novo menino!
prometia não ficar traquino,
travesso, endiabrado, irrequieto.
Volta!..
Eu espero!
Prometo que não serei
tudo o que não fui e não quero!
07-08-2004 11:08
PARKINSON PORTUGAL